Especialistas temem pressões sobre Mata Atlântica
Desmatamento e queimadas estão em queda, mas pressão populacional pode
reverter o quadro, alertam ambientalistas
Agência Brasil | 24/05/2013
13:31:18
Agência Brasil
Especialistas se preocupam com trechos de Mata Atlântica perto de
grandes cidades
Em pouco mais de duas semanas, deve ser divulgado o novo levantamento
sobre a situação da Mata Atlântica. O monitoramento é feito anualmente pela
Fundação SOS Mata Atlântica a partir de imagens captadas pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As imagens mais recentes do bioma (2010-2011), que abrange 17 estados,
mostram a redução da devastação, incluindo o desmatamento e as queimadas.
Apesar da tendência de queda, especialistas temem que as pressões exercidas
sobre essas florestas alterem essa trajetória.
Como o bioma é cercado por áreas muito populosas, convive com a
constante ocupação. “São desmatamentos pequenos para a expansão de casas
[chamado efeito formiga] e quando você vê já foram destruídas áreas grandes. A
gente não consegue acompanhar desde o início porque as imagens usadas no
monitoramento só captam áreas maiores de 3 hectares”, explicou Marcia Hirota,
diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica.
Quase 120 milhões de pessoas vivem nos arredores da Mata Atântica,
segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Os estados que abarcam o bioma
respondem por 70% do Produto Interno Bruto (PIB).
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Ao lado da importância econômica dessas regiões, estão os serviços
prestados pela floresta que as circundam. A biodiversidade da mata, considerada
uma das mais ricas do mundo, é responsável, segundo especialistas e o governo,
por regular o fluxo dos mananciais hídricos, assegurar a fertilidade do solo,
controlar o equilíbrio climático e proteger encostas de serras, evitando
desmoronamentos como os que vêm sendo registrados em Teresópolis e em
Petrópolis, no Rio de Janeiro.
“A preservação da mata ciliar é uma garantia de sobrevivência para essas
populações. Não é simplesmente porque é a casa dos bichinhos, mas é pelos
benefícios às pessoas”, disse Marcia. “A água é um assunto que todo mundo
entende. Se aquelas nascentes, protegidas pelas florestas, desaparecerem, não
teremos água para consumir”, completou.
O estado do Rio de Janeiro vem registrando redução da devastação e o
modelo adotado de criação de áreas protegidas privadas e públicas, para manter
a diversidade biológica, é apontado como eficiente.
Números do Instituto Estadual do Ambiente do Rio (Inea) mostram que
desde 2007 a área das unidades de conservação com proteção integral passou de
117 mil hectares para 204 mil hectares. A proteção aumentou com a criação de
quatro parques estaduais (Cunhambebe, Costa do Sol, Lagoa do Açu, Pedra Selada
), a ampliação de mais três parques (Ilha Grande, Três Picos e Serra da
Tiririca) e da Reserva Biológica de Araras e a criação de duas áreas de
proteção ambiental (APA) estaduais (Rio Guandu e Alto Iguaçu).
Marcia Hirota lembra que o Rio já esteve no topo da lista de
devastadores entre 1990 e 1995, com cerca de 140 mil hectares atingidos. De
2010 a 2011, a área devastada somou 51 hectares. “A maior parte do que resta da
Mata Atlântica está nas mãos de particulares. A criação de reservas
particulares é importantíssima. Foi uma redução violenta, com os menores
índices verificados”, disse.
Quanto ao remanescente de vegetação nativa do bioma, a maior parte
permanece sem proteção e está fragmentada. O governo federal estuda formas de
incentivar a conservação e o uso sustentável, como a recuperação de áreas
degradadas.
Os ambientalistas esperam confirmar a trajetória de preservação do bioma
- formado por florestas, restingas e manguezais, que já ocuparam
aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Pelos dados do governo,
cerca de 22% da cobertura original estão mantidos e em diferentes estágios de
regeneração. Aproximadamente 7% da mata estão bem conservados.
No último
levantamento, mesmo com a queda da devastação na Bahia e em Minas Gerais, os
números ainda preocupam. Em Minas Gerais, por exemplo, do bioma que já cobriu 46%
do território, 27 milhões de hectares, restam apenas 3 milhões de hectares. A
Bahia assumiu a segunda posição no ranking com o desflorestamento de 4,6 mil
hectares de 2010 a 2011.
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